sexta-feira, 3 de abril de 2020

Crise do Capitalismo

THREAD - A CRISE E O CAPITALISMO

1/ Parem de falar que esta é uma crise do Capitalismo. Muito pelo contrário, o Capitalismo nunca foi tão saudável e é justamente o Capitalismo que vai salvar vocês da crise. Mais uma vez. Aliás, todos vocês são soldados do Capitalismo.

2/ Todo dia leio gente falando do Capitalismo. E em momentos de crise, o falatório aumenta exponencialmente, em uma progressão com taxa de crescimento mais explosiva que a do próprio contágio do Coronavírus. 2008 foi assim também. Vai ser sempre assim.

3/ Inclusive, por favor, continuem postando suas críticas aqui no Twitter, esta empresa de capital aberto com market cap de USD 19,2 bi. Evidentemente não se esqueçam de deixar suas críticas ao Capitalismo no Facebook também, outra empresa de capital aberto com +

4/ + um market cap de USD 426 bi. (market cap = capitalização de mercado, é o "valor" da empresa ao preço de sua ação multiplicado pelo número de ações). Aproveitem e deixem suas manifestações em vários outros apps que desejarem, ou serviços abertos, enfim, não importa, vocês

5/ respiram o Capitalismo, e ele irá salvar vocês. Vocês querem ser salvos pelo Capitalismo, porque vocês não conhecem outra coisa a não ser ele. Seu cérebro irá sempre procurar o Capitalismo como porto seguro. Se bobear, já existe Capitalismo no DNA mitocondrial do ser humano +

6/ + nessa altura do campeonato. 😄
Deixem-me colocar uma citação genial aqui, de um homem que admiro muito:

"On the market of a capitalistic society the common man is the sovereign consumer whose buying or abstention from buying ultimately determines what should be +

7/ + produced and in what quantity and quality. Those shops and plants which cater exclusively or predominantly to the wealthier citizens demand for refined luxuries play merely a subordinate role in the economic setting of the market economy. They never attain the size of +

8/ + big business. Big business always serves - directly or indirectly - the masses." -- Ludwig von Mises, The Anti-Capitalistic Mentality.
Entenderam o que eu disse? Não existe Capitalismo se não for para servir as massas. O Empresário Capitalista, por definição, se quiser +

9/ + chegar ao status de ser o dono de um "grande negócio", terá que se voltar a atender uma DEMANDA. Quanto maior a DEMANDA, melhor para ele. E quem DEMANDA? O trabalhador. E seu próprio trabalhador.
Então esse Twitter que vocês usam para criticar o Capitalismo, nada mais é +

10/ + do que um grande negócio que serve, e só existe, para atender a demanda de vocês, que querem criticar o Capitalismo. O Facebook, uma empresa 20x maior que o Twitter, um grande negócio, só existe porque vocês DEMANDAM o Facebook. Logo, ele atende uma demanda que vocês tem, +

11/ + e todos lucram muito com isso...
Vamos a mais uma citação genial deste homem que admiro tanto:
"In a society based on caste and status, the individual can ascribe adverse fate to conditions beyond his own control. (...)It is not his doing, and there is no reason for him +

12/ + to be ashamed of his humbleness. His wife cannot find fault with his station" -- Ludwig von Mises, The Anti-Capitalistic Mentality.
Ou seja, nesse sistema onde qualquer um pode buscar condições para se tornar um ofertante para uma DEMANDA, ninguém pode justificar que é +

13/ + um escravo porque já nasceu escravo. Você não poderá repousar qualquer desculpa alheia ao mecanismo de mercado para justificar seu fracasso em qualquer coisa. A arena é comum e a mesma para todos...
A poluição só surge, nesse sistema, quando uma força alheia ao mecanismo +

14/ + de mercado o polui. O Estado.
Então parem de criticar o que justamente irá salvá-los.
Porque vocês DEMANDAM uma salvação. E ela virá de um Capitalista, ou grupo de Capitalistas.
São eles que mantém os cofres públicos rodando, pois são eles quem pagam impostos. Nenhum +

15/ + governo produz riqueza. O governo é um mero intermediador de recursos dos Capitalistas, que o delegam a responsabilidade de entregar serviços públicos, que não são foco central do seu grande negócio.

16/ Vocês demandam remédios, demandam vacinas, demandam profissionais de saúde. Vocês DEMANDAM.
O Capitalista oferta.

O Capitalismo não é um sistema político, ele é um modo de produção. Ele é um MODO, de PRODUÇÃO. A característica central deste MODO de PRODUÇÃO é o acumulo de +

17/ + Capital, para que o Capitalista possa cada vez mais atender não só uma como muitas DEMANDAS que vocês possuem, em MASSA. Sim o Capitalista se vale do marketing. Sim o Capitalista se vale de N mecanismos para estimular essa demanda porque ele oferta o que vocês querem. Mas +

18/ + ainda assim, não existe nada de graça neste Universo Tridimensional e para que a DEMANDA seja, no limite, infinita, a RENDA também deve ser, no limite, INFINITA.
O consumidor é soberano em sua escolha sobre o quê e quanto demandar. Somente sua cultura o limita. +

19/ E é justamente por esta razão que seu pai demandava um gravador de rolo da Akai, por exemplo, enquanto você demanda um Smartphone fabricado na China ou na Coréia do Sul.
E é justamente graças ao acumulo de Capital, que vocês terão uma vacina para Coronavírus logo mais.

20/ A respeito desta crise, portanto, o que me preocupa nela, o que me faz crer que ela tende a ser pior que a de 2008, é justamente o fato dela ocorrer depois da de 2008. O mundo hoje, devido a um intervencionismo desenfreado NÃO CAPITALISTA, criou um nível de fragilidade +

21/ + inédito, onde um simples vírus novo, oriundo de um país Asiático, que escapou em uma região onde pessoas tem por hábito comer animais silvestres há milênios, é capaz de interditar o Planeta. Ou a espécie humana entende isto, e para de criar fragilidades, ou viveremos +

22/ + crise após crise, uma pior que a outra, neste modo de produção viciado pela intervenção Estatal que se criou durante o século XX.
A Crise portanto não é do Capitalismo, e sim do Anti-Capitalismo.

Boa noite

segunda-feira, 30 de março de 2020

Oportunismo Pastor Lisboa

*Oportunismo*

_Disputas miúdas na política dificultam o diálogo._






29.mar.2020 à 1h00

 EDIÇÃO IMPRESSA

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O Brasil entrou enfraquecido nesta crise. As disputas miúdas na política dificultam o diálogo e a construção de soluções coordenadas.

A mediocridade da economia reflete as muitas dificuldades que as empresas enfrentam há anos, o que agrava o impacto da parada súbita da atividade.

O setor público encontra-se engessado pelas despesas obrigatórias. Como resultado, estados e municípios pedem novos esforços da população e recursos do Tesouro Nacional, em parte para pagar a sua folha de pessoal nestes tempos de queda de receita.

É urgente cuidar da saúde, mesmo que implique aumento da dívida pública. Os novos meios de pagamento ("maquininhas") podem ser utilizados para transferir recursos públicos para os micro e pequenos empreendedores.

É preciso, porém, separar o joio do trigo. Existem muitos pedidos justificados, mas também há casos de oportunismo.

O Tesouro Nacional não é um manancial inesgotável. Sem gestão adequada, a dívida crescente, já uma das maiores entre os países emergentes, pode resultar em prolongada depressão.

O país empobreceu. Os acionistas perderam metade ou mais do seu patrimônio, pequenos comerciantes devem quebrar, trabalhadores informais estão sem renda.

A queda da arrecadação é o efeito colateral de uma sociedade mais pobre e que, portanto, pode pagar menos tributos. O setor público deveria saber que precisa fazer a sua parte, cortando gastos obrigatórios para contribuir com as despesas emergenciais.

Não é o que está acontecendo. Governadores pedem ao Tesouro, isto é, à sociedade, que compense a queda de receita, com estimativas que parecem superestimadas. Além disso, ficam a inventar novas formas de onerar as empresas. Parecem dizer: "setor privado, você paga pela política social enquanto eu aumento a dívida pública para preservar a renda dos servidores".

Enquanto isso, os Legislativos e Judiciários dos estados têm fundos com bilhões em caixa. Não seria o caso de utilizar esses recursos, que foram arrecadados da sociedade, para auxiliar no combate à pandemia?

Se o Estado brasileiro não é capaz de se ajustar à realidade, então há algo de muito errado com as nossas regras. Como defender o direito adquirido dos servidores em um país que recorrentemente aumenta a carga tributária, onerando cada vez mais o setor privado, ainda mais em uma crise desta proporção? Quem ganha mais de R$ 30 mil está entre o 1% com maior renda.

O poder público deveria, como o resto do Brasil, contribuir com sua cota de sacrifício e cuidar dos grupos de riscos e das famílias mais vulneráveis, que são as vítimas principais deste cataclismo, e não compactuar com o corporativismo.

Marcos Lisboa
Presidente do Insper, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005) e doutor em economia.

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