Após o impacto positivo da estréia do filme queria compartilhar um pouco sobre quem realmente era mas acima de tudo narrar o que realmente aconteceu depois do ataque de 2003. Estávamos juntos havia mais de 3 anos quando a bomba explodiu
Sergio era carioca. Amava seu país e as cores e calor da sua cidade cheia de contrastes. Seus pais viajaram pelo mundo representando o Brasil como diplomatas do e, por causa da ditadura, aos 21 anos Sérgio começou muito junior sua carreira na
Eu, de flia que em 1783 instalou-se na Argentina, nos anos ‘90 aos 18 anos, dei um salto de fé para fazer estudos nos EUA, ingressei no ramo de finanças em Nova York,mas encontrei um chamado interior na sede da ONU:esperança de contribuir para melhorar a vida dos mais vulneráveis
O filme mostra-o claramente: um diplomata da ONU imensamente sensível ao sofrimento dos necessitados. Sergio e eu nos conhecemos em 1999, em uma da ONU,em um território destroçado, porém resistente, que ajudamos a tornar independente
De cara nos sentimos unidos por um vínculo profundo:nos identificamos um no outro,falando a mesma língua, antecipando nossos pensamentos.Sonhávamos em voltar ao Brasil para viver em frente ao seu mar.Conhecemos nossas famílias, visitamos nossos países de origem: nossos santuários
Mas em 11/09 o mundo mudou.Depois da Kofi Annan,que havia nomeado Sergio para o transferiu para missão mais perigosa:ONU com EUA no Iraque:ele enfrentou estoicamente. Eu o acompanhei não apenas como esposa,mas como economista c 7 anos de experiência na
Em 19 de agosto de 2003,ocorreu o primeiro e pior ataque à ONU em toda a sua história:uma bomba,200 feridos,22 mortos.Sergio ficou preso: tentei libertá-lo–mas sem qualquer equipamento,ele padeceu após 4 horas.Uma parte de mim também permaneceria sob os escombros daquele edifício
Até hoje não consigo lembrar daquele dia e suas consequências sem tremer e sentir calafrios. Em um piscar de olhos, a vergonha por ter sido alvo de aquele ataque revelou a cara mais feia das
Com a desculpa de não ser formalmente "casados" e dentro "política invisibilidade" do fracasso-ONU me privou de direitos como funcionária e família.O mais interessante é que,mesmo depois que nossa união civil foi reconhecida por lei,nada mudou.Por quê?O que eles estão protegendo?
Ainda sob choque do atentado ao qual sobrevivi,de repente me vi inexplicavelmente removida das listas de http://sobreviventes.Al ém do estresse póstraumático da explosão e da morte de Sergio e amigos,tive que lidar com o desumano abandono absoluto da mesmaONU que nos havia enviado
Porque acima há geopolítica:durante ,real rivalidade era entre Bush/Chirac.Originalmente do lado EUA,Annan se aproximou dos franceses depois que o ataque àONU iniciou chamados pela sua demissão.Uma tentativa d ultima hora para c reposicionar do
A sobrevivência de Annan significava mudar de lado para a posição de Chirac.O preço?O caixão de Sergio foi enviado para a França enquanto eu fui silenciada.Friedman“Ahistória vai registrar queFrança escolheu Saddam https: //www.nytimes.com/2003/12/18/opinion/moment-of-truth.html
Compreensivelmente,o filme não iria lidar com esses problemas. Mas estes anos foram muito difíceis: voltei ao Brasil (pátria de Sergio que me reconhece como sua viúva)e à Argentina e comecei a reconstruir minha vida. Gilda, mãe de Sergio, cuidou de mim em sua casa no Rio
Amigos como ,ex-diretor do COI Michael Payne,o leal , cujo país eu ajudei a construir, Gilda,me ajudaram a voltar à vida. Encontrei um novo emprego, uma nova casa e fundei o Centro no Brasil:não foi fácil, mas eu perseverei
Nunca pensei que a burocracia da , que sempre proclama aderir aos padrões mais altos que nosso mundo deve aspirar, defendendo os direitos dos mais vulneráveis, abandonaria seus próprios
Poderia-se pensar que, como jovem viúva e vítima do terror, encontraria alguma simpatia. Pelo contrario, a ONU me negou ajuda quando eu mais precisava, encaminhando-me em um emaranhado burocrático onde eles são ambos juiz e parte interessada.
Um caminho ingrato aguarda aqueles que ousam litigar por seus direitos perante a ONU. Eu continuo lutando:por mim e pelos sobreviventes.Sergio foi uma pessoa importantissima na história da ONU;deixou um legado de compromisso com aqueles que sofrem em conflitos que assolam omundo
Uma vez ele me disse“Vamos com confiança.O resto chega por conta própria”Então aqui estou. Eu precisava escrever essas linhas para lembrá-lo,mas também para transmitir mensagem nestes tempos difíceis d que estão nos desafiando, e compartilhar sua força e amor p continuar
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