Os sonhos da Fadinha
sábado, 7 de agosto de 2021
Os sonhos da Fadinha
domingo, 1 de agosto de 2021
Estudo inédito calcula o custo social da evasão escolar
Estudo inédito calcula o custo social da evasão escolar
Estudo inédito, parceria entre Fundação Roberto Marinho e Insper, calcula o custo social que o país tem todo ano pelo fato de seus jovens não concluírem a educação básica: o custo da evasão de um jovem supera o PIB per capita de uma década. No contexto da pandemia e na pós-pandemia, esse problema pode se agravar. O Brasil perde R$ 214 bilhões por ano pelo fato de os jovens não concluírem a educação básica. Essa é a conclusão do estudo “Consequências da Violação do Direito à Educação Básica”, parceria da Fundação Roberto Marinho com o Insper. O cálculo é inédito e aponta as consequências da evasão escolar e da falta de prioridade para a educação, ao mensurar o custo, em valores monetários, para o país e para cada 1 dos 575 mil jovens que não concluirão a educação básica. O custo da evasão de um jovem supera o PIB per capita de uma década. Mantido o ritmo atual, 17,5% dos jovens que hoje têm 16 anos não completarão a educação básica (pré-escola, fundamental e médio). A pesquisa, conduzida pelo economista Ricardo Paes de Barros, professor titular do Insper, mediu o custo social total de cada jovem sem educação básica em quatro dimensões:
empregabilidade e remuneração dos jovens;
efeitos que a remuneração dos jovem têm para a sociedade, que são chamadas externalidades;
longevidade com qualidade de vida;
violência.
Inicialmente, a pesquisa calculou quantos jovens não concluirão a educação básica, mantido o ritmo atual. Depois, quais seriam as consequências, em valores monetários, por jovem nas quatro dimensões. Por fim, estimou o custo total para o país da evasão escolar de jovens. Resultados da pesquisa “Consequências da Violação do Direito à Educação” O resultado é que, anualmente, o país perde R$ 371 mil por jovem que não conclui a educação básica. Isso porque os jovens que têm a educação básica completa passam, em média, mais tempo de sua vida produtiva ocupados e em empregos formais, com maior remuneração; têm maior expectativa de vida com qualidade _ estima-se que cada jovem com educação básica viverá quatro anos de vida a mais que um jovem que não terminou a escolaridade_; e tendem a ter um menor envolvimento em atividades violentas, como homicídios _ o cálculo é que a evasão representa uma perda de 26% do valor da vida de um jovem.
Destaques gerais da pesquisa:
A evasão escolar de jovens corresponde a 3% do PIB anual e equivale a todo o gasto estadual e municipal com educação básica por ano.
575 mil jovens que têm hoje 16 anos não concluirão a educação básica, mantido o ritmo atual do aumento da escolaridade.
Por jovem, a perda é de R$ 371 mil por ano.
A perda total anual para o país é de R$ 214 bilhões, o que equivale a 3% do PIB anual.
A evasão escolar de jovens representa todo o gasto estadual e municipal com educação básica por ano.
O PIB per capita brasileiro é de R$ 32 mil, portanto, o custo da evasão de um jovem supera o PIB per capita de uma década.
O custo de oferecer toda a educação básica (pré-escola, fundamental e médio) é da ordem de R$ 90 mil por estudante. Assim, o custo da evasão por jovem supera 4 vezes o que custa garantir a sua educação básica.
A evasão representa uma perda de 26% do valor da vida de um jovem.
Os resultados da pesquisa “Consequências da Violação do Direito à Educação” e o impacto econômico e social da educação na sociedade serão debatidos em um webinário no próximo dia 14 de julho, das 16h às 18h, com participação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e mediação da jornalista Miriam Leitão. A apresentação será feita pelo economista Ricardo Paes de Barros, responsável técnico da pesquisa, seguida de debate com o secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, Wilson Risolia, e o presidente do Insper, Marcos Lisboa. A transmissão será na página do Canal Futura no YouTube. “A pesquisa traz a resposta para uma pergunta objetiva: quanto custa não priorizar a educação? Esse indicador é um poderoso instrumento para o gestor público. A partir dele, o gestor pode reorganizar suas ações de forma a alocar os recursos de forma mais eficiente. Não reconhecer a educação como propulsora do desenvolvimento do país traz um gigantesco prejuízo monetário ao país. No contexto atual de forte restrição econômica, especialmente em virtude da pandemia, priorizar a educação, evitando a evasão escolar, é ainda mais importante”, diz Wilson Risolia, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho. “Cada jovem que abandona a escola representa um custo muito elevado para a sociedade brasileira. Não é uma questão menor um jovem no século XXI não concluir a educação básica. É um problema gravíssimo que não afeta só uma minoria. Afeta 17,5% de todos os jovens de 16 anos desse país.”, diz Ricardo Paes de Barros, professor titular do Insper. Veja abaixo os destaques da pesquisa “Consequências da Violação do Direito à Educação” em cada segmento:
Contexto:
Magnitude do problema da educação brasileira: mantido o ritmo de melhoria da educação brasileira, 17,5% dos jovens que hoje têm 16 anos não concluirão a educação básica quando tiverem 25 anos. Portanto, a expectativa é que, a cada ano, o país tenha aproximadamente 575 mil jovens sem escolaridade básica. Vale ressaltar que 17,5% é uma média nacional, há estados em que a porcentagem de evasão escolar entre os jovens é ainda maior. Empregabilidade e remuneração dos jovens. Os jovens que não concluem a educação básica passarão 10% a menos de sua vida produtiva ocupados, e quando ocupados, passarão quase 20% a menos do seu tempo em empregos formais. Os jovens que não concluíram a educação básica recebem remunerações entre 20% e 25% inferiores ao que receberiam se tivessem concluído a educação básica. Um jovem que não concluiu a educação básica recebe ao longo do seu ciclo de vida R$159 mil (37%) a menos do que receberia caso tivesse concluído a educação básica. Efeitos que a remuneração dos jovens têm para a sociedade. Os benefícios para a economia de uma força de trabalho com maior escolaridade vão além daquilo que o próprio trabalhador se apropria por ter uma remuneração mais elevada. Beneficia a sociedade como um todo.
Cada jovem que não conclui a educação básica representa uma perda adicional de R$ 50 mil para a sociedade. A perda econômica adicional para a sociedade será de R$54 mil por jovem que não concluir a educação básica. Longevidade com qualidade de vida. Os jovens com educação básica têm maior expectativa de vida com qualidade. Um jovem com educação básica vive quatro anos a mais com qualidade do que aqueles sem educação básica. O valor monetário da perda por jovem que não concluir a educação básica será de R$ 114 mil.
Violência
Os jovens com educação básica tendem a ter menor envolvimento em atividades violentas, como homicídios. A cada ponto percentual de redução na evasão, seriam 550 homicídios a menos a cada ano. Uma morte que poderia ser evitada, caso o jovem concluísse a educação básica, custa R$ 25 bilhões por ano e, portanto, tem valor de R$ 44 mil por jovem que não conclui a educação básica. Os impactos da evasão escolar de jovens.A cada ano, o país perde R$ 371 mil por jovem que não conclui a educação básica. Isso significa uma perda total de cerca de R$ 213 bilhões por ano. O custo de oferecer toda a educação básica (pré-escola, fundamental e médio) é da ordem de R$ 90 mil por estudante. Assim, o custo da evasão por jovem supera 4 vezes o que custa garantir a sua educação básica. Representa um custo social que equivale a todo o gasto estadual e municipal com a provisão da educação básica. Um jovem que não concluiu a educação básica recebe ao longo do seu ciclo de vida R$ 159 mil (37%) a menos do que receberia caso tivesse concluído a educação básica. A perda econômica adicional para a sociedade será de R$ 54 mil por jovem que não concluir a educação básica. Um jovem com educação básica vive quatro anos a mais com qualidade do que aqueles sem educação básica. A perda por não ter educação básica é de R$ 114 mil por jovem. A evasão representa uma perda de 26% no valor da vida. A perda a ser evitada pela redução da violência seria de R$44 mil por jovem. A violência entre jovens custa R$25 bilhões por ano ao país. Mensagem para o gestor: “Não deixem de educar seus jovens. Além de ser um direito garantido na constituição, ele traz um retorno gigantesco para o país”, diz Wilson Risolia, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho.
Estamos sacrificando os jovens pela saúde de seus pais e avós
Estamos sacrificando os jovens pela saúde de seus pais e avós, afirma filósofoFrancês André Comte-Sponville, que participa do Fronteiras do Pensamento, condena elevação da saúde a valor supremo 8.jul.2021
SÃO PAULO Mais de um ano desde o início da pandemia, a saúde tem sido o assunto principal de nossos dias. Um dos grandes filósofos franceses contemporâneos, contudo, tem questionado a supervalorização da saúde em detrimento da liberdade. André Comte- Sponville, autor de, entre outros, “O Espírito do Ateísmo” e “Pequeno Tratado das Grandes Virtudes”, lançados pela WMF Martins Fontes, tem dito em entrevistas que a saúde se tornou tirânica e que estamos sacrificando a vida das gerações mais jovens pela saúde de seus pais e avós. “O que quero dizer é que a saúde não é o valor supremo. O amor, a justiça ou a liberdade são valores mais elevados. O lema da república francesa não é saúde, igualdade e fraternidade”, diz o filósofo em conversa por email. “Mais vale um indivíduo doente e cheio de amor que um desprezível cheio de ódio e saúde.” O filósofo, que dedicou sua carreira a questões da ética e ao estudo de nomes como Epicuro e Montaigne, é um dos entrevistados da Maratona Fronteiras neste sábado, que tem ainda Marina Abramovic e Andrew Solomon. O evento online é uma prévia do Fronteiras do Pensamento, que começa em agosto, e nele serão anunciados os conferencistas deste ano. Comte-Sponville havia dito em outubro a uma rádio que preferia ser contaminado pela Covid em uma democracia do que não ser contaminado em uma ditadura. “Eu disse ‘ser contaminado’ e não ‘morrer de Covid’. É verdade que é melhor viver numa ditadura do que morrer numa democracia, mas também se morre em ditaduras.” Ele diz que, na França, há a tendência de tomar a saúde dos mais velhos como prioridade, sacrificando os jovens, mas que os idosos são os mais vulneráveis apenas no que diz respeito à saúde. “Qual o maior dos riscos? Morrer jovem. Esse é um risco que não corro há tempos”, diz o filósofo, que tem 69 anos. Segundo os dados do serviço de saúde pública da França, até o fim de abril deste ano, 93% dos franceses mortos de Covid-19 tinham 65 anos ou mais. No Brasil, porém, de março do ano passado a abril deste ano, 73% dos mortos por Covid tinham 60 anos ou mais. Outros riscos, segundo ele, são o desemprego e o aquecimento global, duas ameaças aos jovens. “Não é normal que comprometam a vida dos mais jovens, seus estudos, suas carreiras profissionais, seu lazer, seus amores e sua liberdade para proteger a saúde de seus pais e avós." “A saúde é menos um valor do que um bem, desejável, é claro, mas que não pode passar por valor moral ou político”, diz, e acrescenta que não se pode contar com a medicina para dar sentido à vida. A reconciliação com a finitude da vida e buscar para ela um sentido, aliás, é um dos temas da obra de Comte-Sponville, para quem não há Deus. Para tal, diz ele, é preciso amar a vida como ela é, mortal e imperfeita, e não ficar sonhando com outra vida. “É aceitar a finitude e não temer a morte”, diz. “Costumo dizer que filosofar é pensar sua vida e viver seu pensamento. A filosofia serve para isso, para pensar melhor, para, então, viver melhor.” Ele costuma dizer e escrever que a filosofia tem o todo por objeto, a razão por meio e a sabedoria por objetivo. Mas não uma sabedoria que seja serenidade ou felicidade. “A sabedoria é o máximo possível de felicidade com o máximo de lucidez, e esses máximos variam em função dos indivíduos e das situações. Não se é sábio da mesma forma em Auschwitz e na Acrópole, ou em tempos de paz e em tempos de guerra, nem aos 20 anos e aos 60.” De seus 20 anos, o filósofo, que foi aluno de Louis Althusser, importante pensador marxista das ideologias, diz que abandonou a ideia de revolução. “Digamos que me tornei um socialdemocrata ou um liberal de esquerda”, diz. “Renunciei à ideia de revolução, mas não às de justiça social, liberdade e progresso.” O papel das esquerdas na atualidade é um dos assuntos que abordará na Maratona Fronteiras. Para ele, ser de esquerda hoje é se preocupar, primeiramente, com os interesses dos mais pobres e dos mais numerosos, e não com seu próprio interesse ou com a grandeza da nação. “É por isso que me reconciliei com o liberalismo econômico. É melhor ser pobre numa sociedade rica que ser pobre numa sociedade pobre”, diz Comte-Sponville. “A única maneira de diminuir a miséria é criar riqueza, e as sociedades liberais o conseguem fazer melhor que as outras.”
AS LIÇOES DE CHURCHILL
Winston Churchill faleceu no dia 24 de janeiro de 1965. Este artigo é uma homenagem a este que foi a figura política de maior destaque no século 20. Liderança inquestionável nos turbulentos anos 40, Churchill foi o maior responsável individual pela derrota nacional-socialista na Segunda Guerra Mundial. Não é pouca coisa. De sua longa vida, podem-se tirar diversas lições importantes. Superação é uma das primeiras palavras que vêm à mente. A quantidade de adversidades e obstáculos que surgiram em seu caminho apenas fortalece o mérito de suas conquistas. Churchill não era de desistir, e usava cada tropeço para se reerguer com mais determinação ainda. Para ele, sucesso era a habilidade de sair de um fracasso para outro sem a perda do entusiasmo. Como todo ser humano, Churchill tinha suas falhas e contradições. Nem sempre foi correto, e errou em suas previsões em importantes situações. Mas todos estes defeitos servem para torná-lo mais humano, e não eclipsam de forma alguma seus tantos acertos, fundamentais para preservar a liberdade naqueles ameaçadores anos. Uma de suas maiores qualidades como estadista era seu realismo. Enquanto muitos preferiam o falso consolo de esperanças ingênuas, Churchill analisava os fatos com maior frieza. Como escreve Paul Johnson em sua biografia, “Churchill era realista o bastante para perceber que as guerras aconteceriam e, por mais terríveis que fossem, ele preferia vencê-las a perdê-las”. Ele sabia ser pragmático quando necessário, mas sua essência era basicamente a de um liberal, defensor da democracia e também do livre mercado.Sobre a democracia, aliás, Churchill tornou famosa a ideia de que se trata do pior modelo político, exceto todos os outros. Ele era realista o suficiente para não esperar escolhas democráticas fantásticas, e costumava dizer que o melhor argumento contra a democracia era uma conversa de cinco minutos com um eleitor médio. Esta postura cética é importante para limitar os estragos que podem ocorrer com o abuso de poder do governo, mesmo sob regimes democráticos. Nas grandes batalhas do século 20, tanto ideológicas quanto físicas, Churchill esteve do lado certo. Ele abominava os monstros aparentados: o comunismo, o nazismo e o fascismo. Considerava a tirania bolchevique a pior de todas. Chegou a afirmar que “o vício intrínseco do capitalismo é a partilha desigual do sucesso”, enquanto “o vício intrínseco do socialismo é a partilha equitativa do fracasso”. Ainda assim, soube fazer concessões práticas quando a própria sobrevivência dos valores ocidentais estava em jogo. Até mesmo com Stalin ele costurou um pacto para derrotar Hitler, após este trair o ditador soviético. Para Churchill, se Hitler invadisse o inferno até o diabo mereceria ao menos uma palavra favorável. Churchill havia lido “Mein Kampf” e, ao contrário de tantos que consideravam Hitler apenas um aventureiro iludido, ele acreditou em suas promessas. O “pacifismo” era o credo da moda, mas Churchill soube enxergar melhor a realidade. Isso fez com que a Inglaterra estivesse preparada quando o inevitável ataque nazista ocorreu. O papel de liderança exercido por Churchill neste momento de vida ou morte foi crucial para a vitória inglesa. “Nós nunca nos renderemos”, enfatizou em seu famoso discurso. Ele era a “personificação do entusiasmo”, como explica Johnson. Sua retórica não era, entretanto, vazia, e suas ações incansáveis colocavam em prática sua mensagem. Sua coragem na liderança da máquina de guerra inglesa comprovava sua fala. Sua confiança era contagiante, e sua determinação, inspiradora. Segundo o historiador Paul Johnson, seria legítimo dizer que Churchill realmente salvou a Inglaterra (e, portanto, o Ocidente).Além das medalhas militares, Churchill publicou quase 10 milhões de palavras em discursos e livros, pintou mais de 500 telas, construiu pessoalmente boa parte de sua propriedade particular, foi membro da Royal Society, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura, foi exímio caçador e jogador de pólo, criou cavalos vencedores e consumiu espantosa quantidade de champanhe, em companhia de seus charutos. Era muito espirituoso, com incríveis tiradas dignas de uma mente rápida e sagaz.Para Paul Johnson, a vida de Churchill passa ao menos cinco lições importantes: pense sempre grande; nada substitui o trabalho árduo; nunca deixe que erros e desastres o abatam; não desperdice energia com coisas pequenas e mesquinhas; e, por fim, não deixe que o ódio o domine, anulando o espaço para a alegria na vida. Belas lições! Fonte: O Globo, 24/12/2012
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